sábado, 28 de maio de 2016

Overwatch (PC)

Foi na época da BlizzCon 2014. A Blizzard apresentou, em meio ao palco eufórico da Califórnia, um dos seus títulos que mudou completamente como a conhecíamos nos últimos anos. Quando todos já estavam sem esperanças pelo cancelado Titan, foi Overwatch quem fez sua primeira aparição ao mundo. Um jogo novo. Um universo inédito que não víamos o estúdio produzir há muito tempo.
A surpresa foi evidente quando a Blizzard revelou a proposta para este novo mundo: um game de tiro multiplayer em primeira pessoa. Um shooter não era exatamente o que muitos esperavam, mas ele estava em desenvolvimento pela mesma empresa que deu origem a franquias como Diablo, Warcraft e Starcraft — três universos que definiram padrões para muitos gêneros e inspiram jogadores e desenvolvedores pelo mundo todo até hoje. O quanto Overwatch poderia ser revolucionário?
O tempo foi revelando, em fases de testes e apresentações posteriores, quais eram as cartas na manga da Blizzard para atrair os gamers que já viam o FPS como um gênero saturado e pouco atrativo. A fórmula secreta não estava com grandes inovações, mas por meio de um equilíbrio detalhista e perfeito.
Uma melodia que, quando toca, te deixa realmente impressionado. Este é Overwatch.

Heróis nunca morrem

Visto de uma longa distância, Overwatch pode ser definido como uma batalha entre duas equipes de seis jogadores. Cada um pode escolher entre 21 heróis que cumprem funções diversas de ofensiva, defensiva, tanque e suporte. Eles disputam objetivos de domínio e controle de um ponto fixo ou móvel, precisando atacar ou defender este local.
Mas, por fora dessa casca superficial e muito explorada por outros games de tiro, o jogo esconde uma intensa adaptação entre as equipes para cumprir as metas. Em Overwatch, você pode trocar de personagem durante a partida e superar constantemente as situações impostas pelo time inimigo ou pela localização do mapa.
E os próprios heróis são construídos para facilitar interações diversas entre eles e o cenário. Cada um tem duas habilidades básicas e um especial poderoso que carrega com o tempo, além de outras características específicas para cada um.

Widowmaker, por exemplo, é uma atiradora de longa distância especializada em caçar os inimigos por meio de tiros precisos. Além de uma bomba que estoura e causa dano nos inimigos, ela pode alcançar locais altos e pouco acessíveis por meio de um gancho. Seu especial mais forte revela todos os inimigos a distância, completando um pacote perfeito de habilidades que todo sniper sempre sonhou em ter.
Por outro lado, Tracer é uma combatente ágil que conta com três corridas rápidas e outra habilidade que permite ela voltar no tempo. Dessa forma, ela consegue facilmente chegar por trás de Widowmaker e assassiná-la sem dó nem piedade.
Este exemplo simples pode mostrar o quanto uma partida de Overwatch é extremamente mutável. Em mapas e posições com poucos espaços abertos, é melhor evitar a escolha da sniper para favorecer outros personagens, como Hanzo, que dispara flechas mortais e capazes de se espalhar rapidamente em ambientes pequenos. E, neste caso, o adversário pode aproveitar esses espaços menores para escolher o tanque Reinhardt, capaz de criar um escudo imenso na sua frente para proteger o seu time de ataques.


Tudo dentro de Overwatch se transforma em questões de segundos. E é possível imaginar que, com 21 personagens, as possibilidades de estratégias e contra-ataques são quase infinitas. Um time escolhe quatro tanques, um suporte e um sniper — e você precisa responder a essa composição em poucos minutos para efetuar a sua vitória.
O formato escolhido por Overwatch também incentiva constantemente uma nova jogatina. Uma partida pode durar entre oito a quinze minutos — uma média extremamente baixa comparada com outros shooters.

Em certos mapas, sua equipe começa com cinco minutos para dominar um ponto do cenário, e obter sucesso nessa primeira missão abre mais alguns minutos para conquistar outra localização. Mesmo que este tempo passe, a partida é prolongada por alguns segundos extras caso alguém da equipe oposta entre na área de objetivo, ganhando mais alguns momentos para os aliados chegarem e lutarem novamente pela vitória.


Esta contestação de objetivo costuma trazer as viradas mais intensas dentro de Overwatch. Em algumas partidas, é possível que uma disputa além do tempo estipulado se prolongue por vários e vários minutos.
Aí temos um dos destaques mais geniais do jogo. Se uma partida curta já é um ponto positivo, todos os minutos além da média serão recheados por pura adrenalina. Você domina o ponto e mata o inimigo. Outro adversário chega, mas seus aliados também. Tudo, no fim, vira um tiroteio frenético que busca finalmente concretizar a vitória da sua equipe.
É muito comum encontrar desfechos dramáticos e alucinantes dentro de Overwatch onde ambas as equipes jogam todas as suas fichas nos últimos segundos. É um “tudo ou nada” constante entre os dois lados, aumentando ainda mais a tensão e adrenalina que faziam falta em longas sessões de tiroteios entre dois simples batalhões de soldados.


“Pede pra nerfar, noob!”

Personalidade também é uma das características que você mais encontrará em Overwatch. Heróis cumprem as mesmas funções de ataque e defesa dentro de uma equipe, mas eles fazem isso do seu próprio jeito.
Lúcio, o músico brasileiro, é um suporte assim como Mercy, a curandeira. A diferença é que o primeiro faz isso através de músicas ao seu redor capazes de recuperar a vida ou aumentar a velocidade de movimento dos seus aliados. A segunda, por outro lado, direciona uma cura consistente por meio da sua arma, embora conte com um poderoso especial capaz de reviver toda a sua equipe.
Podemos seguir nesta mesma lógica para mostrar o quanto isso beneficia a adaptação dos jogadores. Heróis simples, como Soldado 76, trazem uma jogabilidade ágil e de fogo direto que lembra muito as batalhas de Call of Duty. Do outro lado, Pharah voa e domina os ares com uma bazuca à la Quake. O próprio jogo abre espaço para todos os tipos possíveis de jogabilidade dentro de um shooter.


A amplitude promove Overwatch de uma maneira extremamente positiva entre jogadores novatos e experientes. Os iniciantes podem entender a utilidade de cada herói em questões de segundos, descobrindo suas habilidades a partir de recargas rápidas e controles típicos de um FPS. Caso eles não gostem de um personagem ou não se adaptem ao seu jeito de jogar, a troca está disponível rapidamente para eles escolherem outros mais interessantes.
Já os mais experientes no gênero contam com um elenco vasto e com formas diferentes de atuação. Genji usa shurikens para sobreviver em longa distância, enquanto sua katana é mortífera de perto. Embora boa parte do seu dano envolva chegar perto dos oponentes para matá-los, uma habilidade de rebater projéteis pode causar verdadeiras reviravoltas em uma disputa.
Já imaginou revidar aquele tiro mortal da Widowmaker? Ou um especial poderoso vindo em sua direção? Um bom jogador vai saber o momento exato para isso. Nestes detalhes os experientes encontram a brecha perfeita para belíssimas jogadas.


O lado de fora da guerra

Overwatch também não peca na imersão. O visual é único, cartunesco e trabalhado pela Blizzard nos mínimos detalhes, trazendo 12 ambientes diversos que variam do México ao Japão; do Egito ao Nepal. E cada um deles é construído de acordo com o seu local original, escondendo referências e inspirações em todos os cantos do cenário.
Na parte sonora, novamente o estúdio fez uma boa adaptação para o público brasileiro. As frases características dos heróis mantém o aspecto carismático de cada um deles, como a energia de Tracer na sua frase mais conhecida até os diálogos situacionais no meio da partida. “Sinto em você a mesma energia que consumiu o seu irmão”, um dos personagens comenta para Hanzo na parte calma antes da invasão inimiga.
Outros pontos se destacam além da adrenalina das batalhas. Há um sistema de recompensas por meio de caixas, trazendo itens cosméticos para os jogadores conforme o nível da sua conta. Alguns deles você já conhece, incluindo skins e roupas especiais para os personagens. Mas também há falas novas, grafites, entradas especiais nas jogadas da partida, entre outros.

Há, nesse intervalo, a opção do jogador comprar mais caixas por dinheiro real ou usar a moeda do próprio jogo para comprar o conteúdo adicional de sua preferência. Em minha experiência, cheguei ao nível 22 com duas skins raras, incluindo uma da D.va e outra do Reaper.
O sistema, embora aleatório, frequentemente recompensa de forma agradável. Os níveis altos de conta demoram para trazer caixas, mas os jogadores nessa situação já terão muitos extras disponíveis para todos os heróis. É uma relação saudável para manter o equilíbrio de recompensas: quanto mais você joga, mais cosméticos terá, embora eles venham com menos frequência.
E, aos que já se preocupam com isso, todas os DLCs seguintes do game virão gratuitamente aos jogadores. Isso reforça o compromisso da Blizzard em não limitar as ferramentas disponíveis para a batalha. Tudo em volta dela pode ser desbloqueado por meio da pura e simples jogatina.
Não há um modo de história, mas Overwatch também não lança seu contexto ao simples caos de uma guerra. Além de curtas de animação muito bem feitos, o universo do jogo é expandido por meio de histórias em quadrinhos e outras formas de histórias multimídia.
Já sabíamos que, desde o início, o game traria batalhas multiplayer entre os jogadores. Esta é a proposta, então está é a análise correspondente. Mas a Blizzard não se limitou a isso. Havia formas diferentes de contar essa grande história chamada Overwatch, e todas elas contribuem positivamente para o jogador entender o contexto das batalhas que ele trava dentro do game.
Na totalidade, o jogo conta com quatro modos principais no lançamento. Três tipos de treinamento, partidas normais, contra o computador, customizadas e o “Arcade”, este último que traz regras novas toda a semana para os jogadores travarem lutas inéditas e quase impossíveis por meios comuns. Os modos competitivos foram testados durante o Beta e entrarão em breve para os jogadores treinarem e disputarem as melhores posições do game.
Há suporte para a zoeira descontrolada e com limites variáveis. Mas também há suporte para o desenvolvimento de jogadores profissionais e campeonatos de eSport. A preocupação, mais uma vez, foi em agradar perfis distintos. E Overwatch continua tendo sucesso, pois as ferramentas estão acessíveis para a sua diversão individual — seja ela competindo, explodindo tudo ou conhecendo novos personagens.

A batida perfeita

Overwatch não decepciona em nenhum aspecto. Sua fórmula é minuciosamente trabalhada para agradar e divertir todos os tipos de jogadores e convidá-los frequentemente a descobrir coisas novas dentro do game.
A jogabilidade rápida e a flexibilidade de estratégias cativam os jogadores competitivos e apaixonados pelo gênero a conhecerem as melhores composições e jogadas possíveis dentro dessa construção infinita de possibilidades.
A adaptação descomplicada e a diversidade de heróis oferecem possibilidades rápidas dos novatos encontrarem o seu jeito preferido de jogar mesmo em funções pouco atraentes. Em Overwatch, até mesmo os tanques e suportes podem fazer belíssimas jogadas. E tudo isso traz recompensas constantes para sua evolução — seja no desempenho dentro da batalha ou em brindes para a sua conta.
Overwatch se expandiu até os limites do gênero shooter, agradando e viciando ao mesmo tempo como poucos jogos conseguiram na minha vida gamer. Quando você menos espera, algo incrível e inusitado acontece pelas suas mãos. E, mesmo nas piores situações, uma só jogada é capaz de virar o rumo da partida e salvar o resultado nos instantes finais.

Overwatch chama você para a batalha. Constantemente. Seus heróis podem morrer por essa causa, mas o resultado nunca estará definido até que o último segundo de luta acabe. O jogo entrega todas as armas que você precisa para continuar nesta missão. Resta lutar e se surpreender.






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